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Tabagismo e Saúde Pública: Consequências, Tratamento e a Importância de Buscar Ajuda Médica

Atualizado: 25 de mar.

A imagem mostra duas mãos masculinas segurando cigarros. A mão à direita está segurando um cigarro aceso, enquanto a mão à esquerda está segurando vários cigarros ainda embalados. O fundo é escuro, destacando o foco nas mãos e nos cigarros.

O tabagismo é um dos principais problemas de saúde pública no mundo, responsável por mais de 50 doenças incapacitantes e fatais, como infarto do miocárdio, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), acidentes vasculares encefálicos (AVE) e vários tipos de câncer, especialmente o câncer de pulmão. No Brasil, estima-se que cerca de 200 mil mortes anuais estejam relacionadas ao tabagismo, reforçando a magnitude deste problema.


A nicotina, substância psicoativa presente no tabaco, provoca dependência semelhante à de drogas como a heroína e a cocaína. Iniciar o hábito de fumar é fácil, mas largá-lo é um grande desafio devido à força da dependência química e dos impactos do cigarro no organismo.


Apesar dos avanços no combate ao tabagismo, ainda enfrentamos desafios significativos. Os cigarros brasileiros estão entre os mais baratos do mundo, o que facilita o acesso e aumenta a iniciação do hábito entre os jovens. O seu consumo permanece concentrado em grupos de menor escolaridade e renda, perpetuando um ciclo de desigualdade e gerando altos custos sociais e econômicos.


Os gastos com o tratamento de doenças relacionadas ao tabaco são elevados e sobrecarregam o sistema de saúde impactando diretamente a economia. As faltas ao trabalho causadas por doenças relacionadas ao fumo, somadas à maior taxa de aposentadoria precoce por incapacidade, resultam em uma significativa perda de produtividade. Estima-se que, em países de alta renda, os custos relacionados ao tabagismo representem entre 6% e 15% das despesas anuais com saúde. No Brasil, essa realidade se repete, causando prejuízos expressivos tanto para o sistema de saúde quanto para a economia como um todo.



Consequências do Tabagismo

No Brasil, a população fumante tem uma probabilidade significativamente maior de morrer por doenças cardiovasculares e câncer, resultando em custos hospitalares elevados. O impacto econômico do tabagismo é agravado em populações de menor escolaridade e renda, pois, além de terem menos acesso a informações sobre os riscos do fumo, essas famílias gastam uma parte significativa de sua renda na compra de cigarros.


1. Doenças Cardiovasculares

O tabagismo é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, sendo responsável por 45% das mortes por infarto do miocárdio e 25% das mortes por AVE. A fumaça do cigarro contém substâncias tóxicas, como monóxido de carbono e outras partículas que provocam inflamação e danificam a parede dos vasos sanguíneos, levando ao desenvolvimento de aterosclerose (formação de placas de gordura nas artérias).

Além disso, a nicotina promove um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, sobrecarregando o coração e os vasos sanguíneos. A combinação desses efeitos eleva significativamente o risco de infarto, AVE e insuficiência cardíaca, doenças que impactam diretamente na qualidade e na expectativa de vida do fumante.


2. Doenças Pulmonares

O cigarro é responsável por cerca de 85% das mortes por DPOC, que inclui condições como enfisema e bronquite crônica. A exposição contínua aos componentes tóxicos do cigarro provoca inflamação e destruição progressiva do tecido pulmonar, resultando em sintomas como falta de ar, tosse crônica e produção excessiva de muco.

O tabagismo também é o principal fator causal do câncer de pulmão, sendo responsável por 90% dos casos da doença. Os produtos químicos presentes na fumaça do cigarro causam mutações nas células pulmonares, promovendo o desenvolvimento de tumores. Além do pulmão, o tabagismo está associado a diversos outros tipos de câncer, como câncer de boca, garganta, esôfago, pâncreas e bexiga.

A imagem compara dois pulmões: o da esquerda é um pulmão saudável, com uma coloração clara e aparência lisa. O da direita é o pulmão de um fumante, exibindo uma coloração escura, com manchas e aparência rugosa. A imagem ilustra os efeitos nocivos do tabagismo na saúde pulmonar.

3. Outras Doenças

O tabagismo aumenta o risco de desenvolver e morrer por tuberculose, interfere no controle do diabetes, eleva a incidência de doenças gastrointestinais e compromete a saúde bucal. A fumaça do cigarro contém centenas de substâncias tóxicas que afetam negativamente quase todos os órgãos do corpo, agravando condições pré-existentes e dificultando o tratamento de comorbidades.



  • Nicotina: principal substância responsável pela dependência;

  • Alcatrão: composto por diversas substâncias cancerígenas;

  • Monóxido de carbono (CO): prejudica a oxigenação do sangue;

  • Solventes (benzeno): relacionados ao desenvolvimento de cânceres;

  • Metais pesados: como chumbo, cádmio e níquel, que afetam diversos órgãos;

  • Arsênico: altamente tóxico e cancerígeno;

  • Amônia: aumenta a absorção de nicotina no organismo;

  • Formol: substância carcinogênica e irritante para as vias respiratórias;

  • Naftalina: causa danos ao fígado e ao sistema nervoso;

  • Pólvora: composta por substâncias inflamáveis;

  • Acetona: solvente encontrado em removedores de esmalte;

  • Fósforo (P4 ou P6): tóxico e inflamável;

  • Xileno: solvente com efeitos tóxicos no sistema nervoso;

  • Agrotóxicos (DDT): substâncias químicas nocivas, com efeitos adversos no organismo;

  • Substâncias radioativas: como polônio-210 e carbono-14, que aumentam o risco de câncer.


Esses compostos, combinados, têm efeitos devastadores na saúde, afetando praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo humano.


4. Efeitos na Gravidez e na Saúde Infantil

Fumar durante a gravidez é um dos fatores de risco mais significativos para complicações gestacionais. O tabagismo está associado a partos prematuros, baixo peso ao nascer e restrição do crescimento intrauterino. Além disso, aumenta os riscos de placenta prévia, descolamento prematuro da placenta e gravidez ectópica.

A nicotina e outras substâncias presentes no cigarro podem atravessar a barreira placentária, afetando diretamente o desenvolvimento fetal. O consumo de cigarro durante a gestação também está relacionado a problemas cognitivos, respiratórios e metabólicos na criança. É importante destacar que gestantes fumantes têm maiores chances de passar o hábito de fumar para os filhos, reforçando o ciclo intergeracional do tabagismo.


5. Tabagismo Passivo

O tabagismo passivo, ou seja, a inalação da fumaça por pessoas que convivem com fumantes, é a terceira causa de morte evitável no mundo. A exposição à fumaça do cigarro aumenta em 30% o risco de câncer de pulmão e em 25% o risco de doenças cardiovasculares em não-fumantes.

As crianças são as mais vulneráveis ao tabagismo passivo. Elas têm maior risco de desenvolver infecções respiratórias, asma, sinusite e pneumonia. Estudos indicam que a exposição à fumaça do cigarro em ambientes fechados é uma das maiores responsáveis pela poluição do ar nesses espaços.


6. Comorbidades Psiquiátricas

Há uma forte associação entre o tabagismo e as comorbidades psiquiátricas. Fumantes com histórico de transtornos mentais apresentam maior dificuldade em abandonar o hábito. Eles são duas vezes mais propensos a fumar em comparação com indivíduos sem doença psiquiátrica. Estima-se que cerca de 50% dos pacientes psiquiátricos fumem, e apenas 15% conseguem parar, em contraste com os 50% da população geral que deixam de fumar.


A relação entre tabagismo e saúde mental é complexa. O cigarro é frequentemente utilizado como uma forma de alívio momentâneo para sintomas de ansiedade e depressão, porém essa prática mina a motivação para a cessação, criando um ciclo vicioso. A nicotina pode alterar a química cerebral, contribuindo para o surgimento e a manutenção de transtornos psiquiátricos.



Tratamento e Cessação do Tabagismo

Existem inúmeros motivos para deixar de fumar, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniu mais de 100 razões que reforçam a importância do cessar tabagismo. Acesse este link para entender como o cigarro pode afetar diversos aspectos da sua vida e como parar de fumar pode trazer benefícios tanto para a saúde física quanto para a mental.

O tratamento para cessação do tabagismo é multidisciplinar e deve considerar vários fatores, como a gravidade da dependência da nicotina, a idade de início do consumo, a história familiar e a motivação do paciente para parar de fumar. A combinação de estratégias comportamentais e farmacológicas aumenta significativamente as chances de sucesso.


1. Abordagens Comportamentais

As abordagens comportamentais incluem o aconselhamento pré-natal para gestantes, terapia cognitivo-comportamental (TCC) e grupos de apoio. Essas intervenções visam ajudar o paciente a identificar gatilhos para o uso do cigarro, desenvolver estratégias de enfrentamento e reforçar a motivação para a cessação.

Nos Ambulatórios de Tratamento do Fumante do SUS, as taxas de sucesso após quatro semanas de tratamento são encorajadoras, atingindo índices de até 46,5%, de acordo com estudos realizados em alguns centros de referência. É fundamental que os fumantes recebam suporte psicológico durante o processo de cessação, uma vez que o abandono do cigarro pode desencadear sintomas de abstinência e exacerbar questões emocionais.


2. Tratamento Farmacológico

O tratamento farmacológico inclui terapia de reposição de nicotina (TRN), como adesivos, gomas e sprays de nicotina, que ajudam a reduzir os sintomas de abstinência e a fissura pelo cigarro. Outras opções de medicamentos são a bupropiona e a vareniclina, que atuam no sistema nervoso central para diminuir o desejo de fumar.

A escolha do tratamento deve ser individualizada, levando em consideração o grau de dependência, a presença de comorbidades e as preferências do paciente. Estudos mostram que o uso de terapia combinada (farmacológica e comportamental) é mais eficaz para a cessação do tabagismo do que qualquer uma dessas estratégias isoladas.


3. Papel do Profissional de Saúde

Os profissionais de saúde desempenham um papel crucial na prevenção e no tratamento do tabagismo. Eles devem oferecer informações precisas, apoiar os pacientes em programas de cessação do tabagismo e realizar intervenções comunitárias para conscientização sobre os riscos do cigarro. Abordagens efetivas incluem identificar os fumantes, orientá-los sobre os benefícios de parar de fumar e encaminhá-los para programas de tratamento.



Por que parar de fumar?

Abandonar o tabagismo é, sem dúvida, uma das melhores decisões para quem deseja melhorar a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida. Fumar afeta negativamente quase todos os órgãos do corpo, contribuindo para o desenvolvimento de doenças graves e crônicas. Por isso, parar de fumar traz inúmeros benefícios que se estendem muito além do ato de simplesmente evitar doenças. Vamos explorar algumas dessas razões em detalhes:


1. Melhora imediata da saúde

Logo após parar de fumar, o corpo inicia um processo de recuperação. Nas primeiras 24 horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue caem e o oxigênio volta a circular com mais eficiência, melhorando a circulação e a função cardíaca. Dentro de duas a três semanas, a função pulmonar começa a se recuperar, facilitando a respiração e reduzindo sintomas como tosse e falta de ar. Em um ano, o risco de doenças cardíacas é reduzido pela metade, e após dez anos, o risco de câncer de pulmão cai significativamente em comparação com alguém que continuou fumando.


2. Redução do risco de doenças graves

O tabagismo é um dos maiores fatores de risco para várias doenças, como câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas. Ao parar de fumar, o risco de desenvolver essas condições começa a diminuir progressivamente. Por exemplo, o risco de infarto diminui consideravelmente em apenas um ano após o abandono do cigarro. No caso do câncer, embora o dano já causado não possa ser totalmente revertido, o corpo passa a não estar mais exposto às substâncias cancerígenas presentes no tabaco, reduzindo a probabilidade de novos danos celulares.


3. Benefícios para a saúde mental

Muitas pessoas acreditam que o cigarro ajuda a aliviar o estresse e a ansiedade, mas, na verdade, fumar pode piorar a saúde mental a longo prazo. A nicotina cria um ciclo de dependência, em que a sensação momentânea de alívio é rapidamente substituída pela ansiedade de fumar o próximo cigarro. Parar de fumar, apesar de inicialmente ser um desafio, traz melhorias significativas no humor e na estabilidade emocional com o tempo. Além disso, a sensação de conquista ao superar o vício contribui para uma maior autoestima e confiança.


4. Melhora na qualidade de vida

Fumar afeta diretamente a capacidade física, reduzindo a resistência para atividades do dia a dia, como caminhar, subir escadas ou praticar esportes. Após parar de fumar, os pulmões começam a funcionar melhor, o que resulta em mais energia e disposição. Além disso, o paladar e o olfato se recuperam, permitindo que a pessoa aproveite mais os sabores e aromas dos alimentos.


5. Economia financeira

O tabagismo é um hábito caro. Considerando o valor gasto diariamente em maços de cigarro, a economia ao longo de um ano pode ser significativa. Esse dinheiro economizado pode ser investido em outras atividades que tragam mais bem-estar, como viagens, hobbies ou mesmo cuidados com a saúde. Essa economia vai além dos gastos diretos com o cigarro, já que quem para de fumar tende a gastar menos com tratamentos médicos e remédios para as doenças relacionadas ao tabagismo.


6. Proteção da saúde de quem está ao seu redor

Fumar não afeta apenas o fumante, mas também aqueles ao seu redor. O fumo passivo, ou seja, a inalação da fumaça do cigarro por não-fumantes, pode causar doenças respiratórias, cardiovasculares e até câncer. Crianças que convivem com fumantes têm maior risco de desenvolver asma, infecções respiratórias e outras complicações de saúde. Parar de fumar é, portanto, uma forma de proteger amigos, familiares e colegas de trabalho dos malefícios do cigarro.


7. Envelhecimento saudável

O cigarro acelera o processo de envelhecimento da pele, contribuindo para o surgimento precoce de rugas, manchas e flacidez. Quando se para de fumar, a pele começa a recuperar seu viço e elasticidade, proporcionando uma aparência mais saudável. Além disso, parar de fumar ajuda a preservar a saúde dos dentes e das gengivas, evitando manchas e problemas bucais, como mau hálito e gengivite.


8. Redução do risco de complicações em cirurgias e tratamentos

Fumantes enfrentam maior risco de complicações em procedimentos cirúrgicos e tratamentos médicos. Isso ocorre porque o cigarro prejudica a circulação sanguínea e afeta o sistema imunológico, dificultando a cicatrização e a recuperação. Parar de fumar antes de qualquer cirurgia ou tratamento aumenta significativamente as chances de um resultado positivo e de uma recuperação mais rápida.


9. Melhor qualidade do sono

A nicotina presente no cigarro afeta a qualidade do sono, podendo causar insônia, despertares frequentes durante a noite e dificuldade para entrar em sono profundo. Sem a influência do tabaco, o corpo regula melhor os ciclos do sono, proporcionando noites mais tranquilas e reparadoras, o que, por sua vez, melhora a disposição durante o dia.



Parar de fumar é um processo que exige esforço e determinação, mas os benefícios a curto e longo prazo compensam cada desafio. Seja por motivos de saúde, financeiros, estéticos ou sociais, essa é uma decisão que promove uma vida mais longa, saudável e plena.


O tabagismo é um problema de saúde pública com consequências devastadoras, incluindo doenças cardiovasculares, pulmonares, câncer e transtornos psiquiátricos. A exposição ao tabagismo passivo também apresenta sérios riscos à saúde, especialmente para crianças e gestantes. No Brasil, apesar dos avanços nas políticas de controle do tabaco, ainda há muitos desafios a serem superados, como o acesso ao tratamento para a cessação e a prevenção do uso de produtos como cigarros eletrônicos.


O tratamento do tabagismo envolve abordagens comportamentais e farmacológicas, sendo fundamental o apoio de uma equipe multidisciplinar para auxiliar o paciente a superar a dependência. Profissionais de saúde têm um papel vital nesse processo, fornecendo orientação e motivação para que os fumantes tomem a decisão de cuidar da própria saúde.


Deixar de fumar é um desafio que pode parecer difícil, mas é a decisão mais importante para garantir uma vida mais saudável e longa. Busque apoio médico, participe de programas de tratamento e conte com o suporte daqueles ao seu redor. O primeiro passo para uma vida livre do tabaco começa com a decisão de cuidar de si mesmo e das pessoas que você ama.






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